-Cara, que tédio... Essa aula nunca acaba? – Resmungava Rogério.
Durante uma aula
comum de Física, Rogério estava entediado e como senta ao lado da janela,
disfarçou o tédio observando a natureza. Nunca havia reparado nas coisas,
sempre focado nas aulas, nos estudos e nas atividades e nunca sobrava tempo
para olhar o mundo, e foi aí que notou algo.
Do lado de fora, ao
lado direito de uma árvore bem grande, havia uma pessoa. Essa pessoa estava de
inteiramente de preto e uma máscara do teatro triste. Mas por quê? Não era
halloween e os cidadãos não estavam comemorando nada do gênero, então porque
uma pessoa fantasiada?
O verdadeiro problema
ainda estava pro vir, pois Rogério queria saber quem era a pessoa, afinal nunca
vira um cidadão fantasiado e olhando-o de fora da escola. Acabada a aula,
Rogério correu até a árvore e não havia nada por lá. Convenceu-se de que era o
tédio lhe pregando peças pois muitas vezes dormira com o olho aberto e sua
mente vagava pelo espaço. Foi embora dalí até o ponto de ônibus para voltar pra
casa, e do outro lado da rua bem na esquina, novamente a pessoa fantasiada.
Foi assim durante uns
dois dias, essa pessoa o observava da janela de sua casa, nas ruas e em todos
os lugares que pudesse ir, então começou a ficar preocupado.
-Será que é um
assassino? Pode estar me vigiando, mas porque fará isso sem ser secretamente.
Digo, os assassinos não ficam por aí deixando todos verem quem são. Acho melhor
eu procurar a polícia, mas antes, uma psicóloga. –Dizia Rogério.
Conseguiu uma
consulta para dois dias e em todos esses dias via essa pessoa irritante:
-Esse cara não tem
nada pra fazer? Estou perdendo a paciência, vou tentar falar com ele, pra parar
com essa brincadeira besta. – Falava enquanto andava até seu quarto.
-Lá está ele, vou
gritar. EI! SERÁ QUE DA PRA VOCÊ PARAR COM ISSO? JÁ ENCHEU O SACO. SE ALGUÉM
ESTÁ TE PAGANDO PARA FAZER ISSO, CHEGA! QUE MERDA CARA, ISSO NÃO TEM GRAÇA. –
Brigava.
A criatura não fez
absolutamente nada. Exceto pelo fato de ter erguido a mão, apontado o dedo para
Rogério e deslizado o dedo indicador no pescoço em sinal de morte. Queria dizer
que mataria Rogério.
A mãe de Rogério
ouviu o menino gritando e foi até lá ver o que estava acontecendo, era tarde da
noite e não queria o filho dela gritando pela janela.
-Filho, o que está
acontecendo? Por que está gritando? – Perguntava.
-Ah mãe, aquele
trouxa lá fora fica me olhando. Já faz dias e estou com o saco cheio dele.
-Hm. Deixe-me ver.
–Debruçada sobre a janela. –Rogério, não há nada lá fora, você dormiu bem
filho?
-Nada? Como não, está
do outro lado da rua, um cara de preto e uma máscara, impossível não ver.
-Não filho, não vejo
nada, apenas o poste, árvores, casas e carros dos vizinhos. Vou fechar a
janela, vamos dormir.
Agora Rogério ficou
preocupado. Como sua mãe não conseguia ver algo como aquilo? Era tão visível,
não estava escondido e se destacava. Realmente era estranho, mas podia ser o
estresse. As provas finais chegando, os trabalhos, estudos e falta de sono podia
arruinar qualquer um. Dormindo um pouco é melhor.
Trocou de roupa e se
preparou para dormir, como estava chovendo fechou apenas o vidro da janela para
observar os delicados pingos batendo no vidro.
-Eu preciso dormir,
tenho certeza que amanhã estarei melhor. Falarei com a Carmem mesmo, tudo se
resolverá. –Cochilou.
Acordou no meio da
noite para pegar o cobertor que havia caído de sua cama, e notou que a janela
estava aberta e havia uma aguaceira da chuva no seu quarto e molhou seus
livros, a TV e outras coisas. Foi fechar. Quando fechou a janela, virou-se para
a cama e viu a criatura em posição de aranha em cima da cama. Um grito forte
saiu de sua garganta.
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!!!!!
Seus pais acordaram
bruscamente e correram lá.
-O que foi filho? O
que aconteceu? Você está bem? – Perguntava a mãe de Rogério
-EU VI MÃE, EU VI! ESTAVA AQUI, BEM NA CAMA, ME OLHANDO. FOI HORRÍVEL.
– Lágrimas corriam de
seu rosto –
-O que aconteceu meu
filho? Tinha alguém aqui? Vou pegar minha arma e andar pela casa, fiquem aqui
no quarto e tranquem a porta que eu já volto – Disse o pai.
-Mãe a criatura
estava aqui, você não conseguiu vê-la mas eu a vejo faz dias e cada dia parece
que está mais nervosa, mais feia, não sei explicar. Hoje estava bem aqui na
cama. – Eu não aguento mais.
Depois de alguns
minutos conversando, Rogério dormiu na sala e acordou bem cedo. Seus pais
tinham saído para trabalhar e sua consulta com a doutora era cedo também. Pegou
o ônibus e foi até o consultório, olhando pela janela, cada esquina que passava
a criatura estava lá. As visões se tornaram mais frequentes. Rogério chegou,
sentou e esperou até que fosse chamado. Quando chegou até a sala de Carmem
contou toda sua história. Enquanto contava a psicóloga anotava e ao olhar para
o lado, a criatura estava sentada do seu lado, porém sem o manto preto dando a
visão horrível de seu corpo cortado, velho e apodrecido.
Rogério deu um pulo
do sofá e começou a tremer sem parar, chamaram uma ambulância. Os médicos
chegaram e correram até a sala para ajudar o garoto. Levaram para a ambulância
onde tomou soro, não foi preciso levá-lo dali pois era apenas um espanto que
logo voltou ao normal. Os médicos perguntaram o que aconteceu e quando ia
falar, lembrou que ninguém podia ver a criatura então inventou outra coisa.
Sabendo que a
psicóloga não podia ajudar, Rogério começou a andar pela cidade vendo a
criatura sem seu manto. O que era mais perturbador, pois seu corpo era
horrível. Olhando novamente, viu a criatura fazer o gesto do dedo indicador
sobre o pescoço, querendo dizer que ia matá-lo. Em um acesso de fúria, Rogério
correu em direção ao homem mas parou. Estava tão cansado e com medo que pensou
duas vezes.
Notou que havia uma
igreja na outra rua, então foi até lá apesar de não ser religioso. Entrou e
correu até o altar onde ajoelhou-se e começou a chorar pedindo para tirar-lhe
os olhos pois não queria mais ver aquilo, era uma tortura mental. O padre
apareceu e como todos, fazia a mesma pergunta:
-O que houve?
Novamente contou sua
história e antes que pudesse terminar, viu a criatura sentada num dos bancos da
igreja, porém sem uma parte da máscara, ficando a mostra sua boca, nariz e um
dos olhos. Seu olhar de ódio era claro. Um olhar forte e nunca visto por
ninguém, ninguém passaria uma mensagem daquela apenas pelo olhar e aquilo era
um corte na alma para Rogério. Começou a chorar mais mas não correu, virou o
rosto e abaixou a cabeça e continuou contando a história.
Levantou a cabeça
quando o padre colocou a mão sobre suas costas e viu que o padre estava usando uma
máscara. A mesma da criatura. Isso foi a gota d’água. Rogério correu pela
cidade e todas as pessoas usavam máscaras. No meio do caos não sabia para onde
ir e começou a desmaiar, vendo tudo embaçado observou a criatura sem máscara se
aproximando mas não conseguiu vê-la.
Acordou no hospital
com seus pais preocupados olhando-o pelo vidro do quarto. Estava amarrado na
cama e por quê? Um dos médicos entrou no quarto e perguntou:
-Já consegue falar?
-S-Sim... O-o que
houve?
-Você é
esquizofrênico, apenas isso. Está amarrado para não nos preocuparmos com você.
-Eu não sou louco, eu
não sou louco... – Disse Rogério bem baixinho. – EU NÃO SOU LOUCO, ME TIREM
DAQUI EU QUERO SAIR, AAAAAAAAAAAAAAAAAH.
Se debatia na cama,
mas estava amarrado então não obteve sucesso. Mais médicos chegaram e o
acalmavam.
-Você está louco sim,
alega ter visto algo que ninguém mais vê. Isso não acontece com pessoas
normais.
Olhando pelo quarto,
Rogério viu a criatura sem mascara e sem o manto. Era horrível sua forma, tinha
o corpo escuro em tons de roxo, cortes pelo corpo todo, sua boca era roxa
também uma cor típica de cadáveres. E os olhos ameaçadores.
Começou a ter
convulsões. E passaram algumas semanas e Rogério não falava coisa com coisa, já
estava totalmente desorientado por conta do medo extremo e agora, a criatura
não saia de perto dele, literalmente perto. Ficava olhando-o na cama sem se
mover. Passaram duas semanas e Rogério estava quase morrendo. Faltava pouco
mais de oito segundos para ter uma parada cardíaca e a criatura disse as
primeiras e últimas palavras que ele pode ouvir:
-Eu sugarei até a
última gota de sua sanidade.
Nisso, os batimentos
cardíacos de Rogério chegaram a zero. Os médicos tentaram salvar mas sem
sucesso, seus pais chorando e sem sucesso.
Essa é a primeira história 100% exclusiva do Universo Sinistro, devemos isso ao Douglas Hackme que a fez unicamente para nossos leitores, obrigado!
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